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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Papa Francisco: Viver a Eucaristia

Na catequese, Papa fala da relação da Eucaristia com a vida


Papa destacou necessidade de participar da Santa Missa, da Eucaristia
e se recordar dos irmãos mais necessitados.
-Foto: reprodução CTV

Jéssica Marçal
Da Redação

       Como se vive a Eucaristia? A resposta a esta pergunta foi o tema abordado pelo Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, dia 12, na Praça São Pedro. O Santo Padre falou da necessidade de participar da Eucaristia tendo atenção para com os mais necessitados, vendo neles a face de Cristo.
       Na semana passada, Francisco já havia falado da Eucaristia, que estabelece a comunhão entre o homem e Cristo. Hoje, o Papa falou de três sinais que indicam se o sacramento é bem vivido ou não pelos fiéis.
       O primeiro sinal é a consideração pelos outros. Francisco lembrou que toda a vida de Cristo foi um ato de partilha, por amor ao ser humano. Ele questionou, a partir desse exemplo, como é a atitude dos cristãos na Missa. “Agora nós, quando participamos da Missa, encontramos com homens e mulheres de todo tipo, mas a Eucaristia que celebro leva-me a senti-los todos como irmãos e irmãs? Impele-me a andar rumo aos pobres, marginalizados? Ajuda-me a reconhecer neles a face de Jesus?”.
       Como exemplo, o Papa citou algumas situações sociais de dificuldade em Roma, como o sofrimento com a chuva, com a falta de emprego. Ele questionou se os fiéis se preocupam realmente com essas pessoas ou se na Missa a preocupação é só em reparar na roupa das pessoas, como acontece muitas vezes.
       O segundo indício de uma boa vivência da Eucaristia é a graça de sentir-se perdoado e pronto a perdoar. “Quem celebra a Eucaristia não o faz porque quer parecer melhor que os outros, mas porque se reconhece sempre necessitado de ser acolhido pela misericórdia de Deus feita carne em Jesus Cristo. Devemos ir à Missa humildemente, como pecadores”, disse.
       O Pontífice falou, por fim, da relação entre a celebração eucarística e a vida das comunidades cristãs. Ele ressaltou a necessidade de ter sempre em mente que a Eucaristia não é uma comemoração humana do que Cristo fez, mas é uma ação do próprio Cristo. “É um dom de Cristo que se torna presente e nos acolhe para nutrir-nos”, disse o Papa, enfatizando a necessidade de coerência entre a liturgia e a vida.


Fonte: Canção Nova Notícias - Papa Francisco
Canção Nova

Papa Francisco: Catequese - 12/02/2014

Catequese com o Papa Francisco



CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

Na última catequese, destaquei como a Eucaristia nos introduz na comunhão real com Jesus e o seu mistério. Agora podemos nos colocar algumas perguntas sobre a relação entre a Eucaristia que celebramos e a nossa vida, como Igreja e como cristãos individualmente. Como vivemos a Eucaristia? Quando vamos à Missa aos domingos, como a vivemos? É somente um momento de festa, é uma tradição consolidada, é uma ocasião para se encontrar ou para sentir-se bem, ou é algo a mais?

Há alguns sinais muito concretos para entender como vivemos tudo isso, como vivemos a Eucaristia; sinais que nos dizem se nós vivemos bem a Eucaristia ou não a vivemos tão bem. O primeiro indício é o nosso modo de olhar e considerar os outros. Na Eucaristia, Cristo realiza sempre novamente o dom de si que fez na Cruz. Toda a sua vida é um ato de total partilha de si por amor; por isso Ele amava estar com os discípulos e com as pessoas que tinha oportunidade de conhecer. Isto significava para Ele partilhar os desejos deles, os seus problemas, aquilo que agitava as suas almas e suas vidas. Agora nós, quando participamos da Santa Missa, encontramo-nos com homens e mulheres de todo tipo: jovens, idosos, crianças, pobres e ricos; originários do lugar ou de fora; acompanhados por familiares ou sozinhos… Mas a Eucaristia que celebro leva-me a senti-los todos, realmente, como irmãos e irmãs? Faz crescer em mim a capacidade de alegrar com quem se alegra, de chorar com quem chora? Impele-me a seguir rumo aos pobres, aos doentes, aos marginalizados? Ajuda-me a reconhecer neles a face de Jesus? Todos nós vamos à Missa porque amamos Jesus e queremos partilhar, na Eucaristia, a sua paixão e a sua ressurreição. Mas amamos, como quer Jesus, aqueles irmãos e irmãs mais necessitados? Por exemplo, em Roma, nestes dias vimos tantos problemas sociais ou pela chuva que fez tantos danos a bairros inteiros, ou pela falta de trabalho, consequência da crise econômica em todo o mundo. Pergunto-me, e cada um de nós se pergunte: eu que vou à Missa, como vivo isto? Preocupo-me de ajudar, de aproximar-me, de rezar por aqueles que têm este problema? Ou sou um pouco indiferente? Ou talvez me preocupo de fofocar: viu como está vestida aquela, ou como está vestido aquele? Às vezes se faz isso, depois da Missa, e não se deve fazer! Devemos nos preocupar com os nossos irmãos e irmãs que têm necessidade por causa de uma doença, de um problema. Hoje, fará bem a nós pensar nestes nossos irmãos e irmãs que têm este problema aqui em Roma: problemas pela tragédia provocada pela chuva e problemas sociais e de trabalho. Peçamos a Jesus, que recebemos na Eucaristia, que nos ajude a ajudá-los.

Um segundo indício, muito importante, é a graça de sentir-se perdoados e prontos a perdoar. Às vezes alguém pergunta: “Por que se deveria ir à igreja, visto que quem participa habitualmente da Santa Missa é pecador como os outros?”. Quantas vezes ouvimos isso! Na realidade, quem celebra a Eucaristia não o faz porque se acredita ou quer parecer melhor que os outros, mas propriamente porque se reconhece sempre necessitado de ser acolhido e regenerado pela misericórdia de Deus, feita carne em Jesus Cristo. Se algum de nós não se sente necessitado da misericórdia de Deus, não se sente pecador, é melhor que não vá à Missa! Nós vamos à Missa porque somos pecadores e queremos receber o perdão de Deus, participar da redenção de Jesus, do seu perdão. Aquele “Confesso” que dizemos no início não é “pro forma”, é um verdadeiro ato de penitência!  Eu sou pecador e o confesso, assim começa a Missa! Não devemos nunca esquecer que a Última Ceia de Jesus aconteceu “na noite em que foi traído” (1 Cor 11, 23). Naquele pão e naquele vinho que oferecemos e em torno do qual nos reunimos se renova toda vez o dom do corpo e do sangue de Cristo para a remissão dos nossos pecados. Devemos ir à Missa humildemente, como pecadores e o Senhor nos reconcilia.

Um último indício precioso nos vem oferecido pela relação entre a celebração eucarística e a vida das nossas comunidades cristãs. É necessário sempre ter em mente que a Eucaristia não é algo que fazemos nós; não é uma comemoração nossa daquilo que Jesus disse e fez. Não. É propriamente uma ação de Cristo! É Cristo que age ali, no altar. É um dom de Cristo, que se torna presente e nos acolhe em torno de si, para nutrir-nos da sua Palavra e da sua vida. Isto significa que a missão e a identidade própria da Igreja surge dali, da Eucaristia, e ali sempre toma forma. Uma celebração pode ser também impecável do ponto de vista exterior, belíssima, mas se não nos conduz ao encontro com Jesus Cristo arrisca não levar alimento algum ao nosso coração e à nossa vida. Através da Eucaristia, em vez disso, Cristo quer entrar na nossa existência e permeá-la pela sua graça, de forma que em toda comunidade cristã haja coerência entre liturgia e vida.

O coração se enche de confiança e esperança pensando nas palavras de Jesus reportadas no Evangelho: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54). Vivamos a Eucaristia com espírito de fé, de oração, de perdão, de penitência, de alegria comunitária, de preocupação pelos necessitados e pelas necessidades de tantos irmãos e irmãs, na certeza de que o Senhor cumprirá aquilo que nos prometeu: a vida eterna. Assim seja!


Fonte: Canção Nova Notícias - Papa Francisco
Canção Nova

Bento XVI: Um ano da renúncia

Via Twitter, Papa Francisco pede orações por Bento XVI


Após ser eleito Papa, Francisco encontrou-se com Bento XVI.-Foto: L’Osservatore Romano

Da Redação

       No dia em que se recorda a renúncia de Bento XVI, o Papa Francisco pediu orações por seu predecessor. “Hoje, convido-vos a rezar juntos comigo por Sua Santidade Bento XVI, um homem de grande coragem e humildade”, escreveu Francisco em sua conta no Twitter.
       Há exatamente um ano, a Igreja e o mundo presenciavam um fato histórico: a renúncia de um Papa. Em 11 de fevereiro de 2013, Bento XVI anunciava o fim de seu ministério petrino.
       “Depois de ter examinado, repetidamente, a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”, disse Bento XVI explicando o motivo de sua decisão.


Fonte: Canção Nova Notícias - Papa Francisco
Canção Nova

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Papa Francisco: Angelus - 19/01/2014

Angelus com o Papa Francisco



ANGELUS
Praça São Pedro, Vaticano
Domingo, 19 de janeiro de 2014

Boletim da Santa Sé
Tradução: Liliane Borges

Caros irmãos e irmãs, bom dia !

Com a Festa do Batismo do Senhor,  celebrada no domingo passado,  entramos no tempo litúrgico chamado “comum”. Neste segundo domingo,  o Evangelho nos  apresenta a cena do encontro entre Jesus e João Batista no rio Jordão. Quem conta é  testemunha ocular, João Evangelista, que antes de ser um discípulo de Jesus foi um discípulo de João Batista, juntamente com o seu irmão Tiago,  com Simão e André, todos da Galileia, todos pescadores. O Batista vê Jesus  avançar por entre a multidão e,  inspirado pelo alto, reconhece nele o mensageiro de Deus, e por isso o indica com estas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele  que tira o pecado do mundo!” (Jo 1,29)

O verbo que é traduzido como “tirar” significa literalmente “levantar”, “tomar para si”. Jesus veio ao mundo com uma missão específica: libertar da escravidão do pecado, carregando os  pecados da humanidade. De que maneira? Amando. Não há outra maneira de vencer o mal e o pecado, se não for com o amor que leva ao dom da própria vida aos outros. No testemunho de João Batista, Jesus tem os traços do Servo do Senhor, que “tomou sobre si os nossos sofrimentos, tomou sobre si as nossas dores” (Is 53,4), para morrer na cruz. Ele é o verdadeiro cordeiro pascal, que está imerso no rio do nosso pecado, para nos purificar.

O Batista vê diante de si um homem que entra na fila com os pecadores para ser batizado, mesmo não tendo necessidade. Um homem que Deus enviou ao mundo como um cordeiro imolado. No Novo Testamento, a palavra “cordeiro” é usada várias vezes e sempre em referência a Jesus. Essa imagem do cordeiro pode surpreender, de fato, um animal que não se caracteriza pela força e robustez , carrega sobre seus ombros um peso opressivo. A enorme massa do mal é removida e levada por uma criatura fraca e frágil, um símbolo de obediência, docilidade e amor indefeso, que chega ao sacrifício de si mesmo. O cordeiro não é um dominador, mas é dócil, não é agressivo, mas pacífico, não mostra as garras ou dentes em face a qualquer ataque, mas suporta e é submisso. E assim é Jesus! Assim é Jesus, como um cordeiro.

O que significa para a Igreja, para nós, hoje,  sermos discípulos de Jesus, o Cordeiro de Deus? Significa colocar no lugar da malícia a inocência, no lugar da força o amor, no lugar do orgulho a humildade, no lugar do prestígio o serviço. É um bom trabalho! Nós cristãos, devemos fazer isso: colocar no lugar de malícia a inocência, no lugar da força o amor,  no lugar do orgulho a humildade, no lugar do prestígio o serviço. Ser um discípulo do Cordeiro significa não viver como uma “cidade cercada”, mas como uma cidade edificada sobre um monte, aberta,  acolhedora, solidária. Isso significa não assumir uma atitude de fechamento, mas levar o Evangelho a todos, testemunhando com a nossa vida, que seguir Jesus nos  faz mais livres e mais alegres.


Após o Angelus

Caros irmãos e irmãs,

Hoje celebramos o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, sobre o tema “Os migrantes e refugiados: em busca de um mundo melhor”, que desenvolvi em minha Mensagem enviada há algum tempo. Dirijo uma saudação especial aos representantes das diferentes comunidades étnicas aqui reunidos, em particular a comunidade católica de  Roma.
Queridos amigos, vocês estão perto do coração da Igreja, porque a Igreja é um povo que caminha em direção ao Reino de Deus, que Jesus Cristo trouxe para o nosso meio. Não percam a esperança de um mundo melhor! Desejo que vocês vivam em paz nos países que os acolhe, mantendo os valores de sua cultura de origem. Eu gostaria de agradecer a todos aqueles que trabalham com os migrantes para os acolher e os acompanhar em seus momentos difíceis, para defender daqueles que o Beato Scalabrini definia de “traficantes de carne humana”, que querem escravizar os migrantes! Em particular, gostaria de agradecer à Congregação dos Missionários de São Carlos, os padres e irmãs scalabrinianos que fazem muito bem para a Igreja e se fazem migrantes com os migrantes.

Neste momento pensemos em tantos migrantes, tantos refugiados, em seu sofrimento, em suas vidas, muitas vezes sem um emprego, sem documentos, tanta dor. E juntos todos nós podemos fazer uma oração para os migrantes e refugiados que vivem situações graves e difíceis :  Ave Maria …

Saúdo com afeto todos vós, queridos fiéis provenientes de diferentes paróquias da Itália e de outros países, bem como associações e vários grupos. Em particular, saúdo os peregrinos espanhóis de  Pontevedra, La Coruña, Murcia e estudantes de Badajoz. Saúdo aos alunos da Obra de Dom Orione, a Associação de Leigos Amor Misericordioso e o coral “São Francisco” de Montelupone.

A todos desejo um bom domingo e um bom almoço. Até breve !


Fonte: Canção Nova Notícias - Papa Francisco
Canção Nova

Papa Francisco: Centralidade do cristão

"Cristãos não podem ceder à tentação do mundo", destaca Papa



Da Redação, com Rádio Vaticano

       O dom de ser filho de Deus não pode ser “vendido” como a ideia de algo “normal”, a qual nos induz a nos esquecermos da Sua Palavra e a vivermos como se o Senhor não existisse. Essa é a reflexão proposta pelo Papa Francisco,  na Santa Missa na última sexta-feira, dia 17, na Casa Santa Marta.
       Francisco referiu-se à tentação de querer ser “normal” quando, em vez disso, se é filho de Deus. Trata-se, em essência, de querer ignorar a Palavra do Senhor e seguir a palavra da própria vontade, escolhendo, de certo modo, “vender” esse dom de ser filho d’Ele para imergir-se em uma “uniformidade mundana”.
       “A normalidade da vida exige do cristão fidelidade à sua eleição e não pode ser vendida para seguir rumo a uma uniformidade mundana. Esta é a tentação do povo e também a nossa. Tantas vezes esquecemos a Palavra de Deus e adotamos aquela da moda, não é? Também aquela da novela, que é da moda, é mais divertida!”.
       O Santo Padre reconheceu que o cristão deve ser normal como qualquer pessoa, mas há valores que este não pode adotar para si. É preciso pautar-se pela Palavra de Deus, resistindo à tentação de se considerar vítima de um certo “complexo de inferioridade, de não se sentir uma ‘povo normal’”. Essa tentação, segundo o Papa, endurece o coração e impossibilita a entrada da Palavra de Deus.
       Francisco concluiu a homilia exortando todos a pedirem a graça de superar o egoísmo de querer fazer as coisas segundo a própria vontade. “O Senhor nos dê a graça de um coração aberto para receber a Palavra de Deus e meditá-la sempre. E, dali, adotar o verdadeiro caminho”.


Fonte: Canção Nova Notícias - Papa Francisco
Canção Nova

Papa Francisco: Oração pelas Vocações

"A vocação brota do coração de Deus", diz Papa em mensagem


Papa enfatiza que a vocação exige uma saída de si mesmo. -Foto: Arquivo

Jéssica Marçal
Da Redação

       O Vaticano publicou na última quinta-feira, dia 16, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado em 11 de maio de 2014. A data tem como tema “As vocações, testemunho da verdade”.
       O Santo Padre destaca que toda vocação exige um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Independente do âmbito da vida, é preciso, segundo o Papa, superar os próprios pensamentos e modos de agir que não estejam em conformidade com a vontade de Deus. “Não devemos ter medo. Deus nunca nos abandona”, diz.
       Dirigindo-se àqueles que estão dispostos a colocar-se à escuta da voz de Cristo, Francisco os convidou a ouvirem e seguirem Jesus, deixando-se transformar interiormente por Suas palavras. “Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno”.
       O Papa reconhece que para seguir neste caminho muitas vezes é preciso ir contra a corrente, enfrentando obstáculos, dificuldades que poderiam criar desânimo. Mas ele enfatiza que a verdadeira alegria dos chamados está em crer e experimentar que Deus é fiel. “Com Ele, podemos caminhar, ser discípulos e testemunhas do amor de Deus, abrir o coração a grandes ideais, a coisas grandes”.
       Na conclusão da mensagem, o Papa pede que bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs orientem a pastoral vocacional nesse sentido, acompanhando os jovens em percursos de santidade. “Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja ‘boa terra’ a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto”.


Fonte: Canção Nova Notícias - Papa Francisco
Canção Nova

Mensagem do Papa Francisco

Mensagem do Papa para Dia Mundial de Oração pelas Vocações



MENSAGEM
Mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações
Quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Boletim da Santa Sé

Em 11 de maio de 2014, IV Domingo da Páscoa, celebra-se o 51º Dia Mundial de Oração pelas Vocações com o tema: “As vocações, testemunho da verdade”.

Publicada a seguir a mensagem que o Papa Francisco envia pela ocasião aos bispos, sacerdotes, consagrados e fiéis leigos de todo o mundo:


Vocações, testemunho da verdade

Amados irmãos e irmãs!

1. Narra o Evangelho que «Jesus percorria as cidades e as aldeias (…). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe”» (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que «a messe é grande». Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a acção eficaz, que é causa de «muito fruto», deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. São Paulo, que foi um destes «colaboradores de Deus», trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: «Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo» (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.

2. Muitas vezes rezámos estas palavras do Salmista: «O Senhor é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-Lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho» (Sal 100/99, 3); ou então: «O Senhor escolheu para Si Jacob, e Israel, para seu domínio preferido» (Sal 135/134, 4). Nós somos «domínio» de Deus, não no sentido duma posse que torna escravos, mas dum vínculo forte que nos une a Deus e entre nós, segundo um pacto de aliança que permanece para sempre, «porque o seu amor é eterno!» (Sal 136/135, 1). Por exemplo, na narração da vocação do profeta Jeremias, Deus recorda que Ele vigia continuamente sobre a sua Palavra para que se cumpra em nós. A imagem adoptada é a do ramo da amendoeira, que é a primeira de todas as árvores a florescer, anunciando o renascimento da vida na Primavera (cf. Jr 1, 11-12). Tudo provém d’Ele e é dádiva sua: o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, mas – tranquiliza-nos o Apóstolo – «vós sois de Cristo e Cristo é de Deus» (1 Cor 3, 23). Aqui temos explicada a modalidade de pertença a Deus: através da relação única e pessoal com Jesus, que o Baptismo nos conferiu desde o início do nosso renascimento para a vida nova. Por conseguinte, é Cristo que nos interpela continuamente com a sua Palavra, pedindo para termos confiança n’Ele, amando-O «com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças» (Mc 12, 33). Embora na pluralidade das estradas, toda a vocação exige sempre um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Quer na vida conjugal, quer nas formas de consagração religiosa, quer ainda na vida sacerdotal, é necessário superar os modos de pensar e de agir que não estão conformes com a vontade de Deus. É «um êxodo que nos leva por um caminho de adoração ao Senhor e de serviço a Ele nos irmãos e nas irmãs» (Discurso à União Internacional das Superioras Gerais, 8 de Maio de 2013). Por isso, todos somos chamados a adorar Cristo no íntimo dos nossos corações (cf. 1 Ped 3, 15), para nos deixarmos alcançar pelo impulso da graça contido na semente da Palavra, que deve crescer em nós e transformar-se em serviço concreto ao próximo. Não devemos ter medo: Deus acompanha, com paixão e perícia, a obra saída das suas mãos, em cada estação da vida. Ele nunca nos abandona! Tem a peito a realização do seu projecto sobre nós, mas pretende consegui-lo contando com a nossa adesão e a nossa colaboração.

3. Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que «são espírito e são vida» (Jo 6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que «por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)?

4. Amados irmãos e irmãs, viver esta «medida alta da vida cristã ordinária» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31) significa, por vezes, ir contra a corrente e implica encontrar também obstáculos, fora e dentro de nós. O próprio Jesus nos adverte: muitas vezes a boa semente da Palavra de Deus é roubada pelo Maligno, bloqueada pelas tribulações, sufocada por preocupações e seduções mundanas (cf. Mt 13, 19-22). Todas estas dificuldades poder-nos-iam desanimar, fazendo-nos optar por caminhos aparentemente mais cómodos. Mas a verdadeira alegria dos chamados consiste em crer e experimentar que o Senhor é fiel e, com Ele, podemos caminhar, ser discípulos e testemunhas do amor de Deus, abrir o coração a grandes ideais, a coisas grandes. «Nós, cristãos, não somos escolhidos pelo Senhor para coisas pequenas; ide sempre mais além, rumo às coisas grandes. Jogai a vida por grandes ideais!» (Homilia na Missa para os crismandos, 28 de Abril de 2013). A vós, Bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs, peço que orienteis a pastoral vocacional nesta direcção, acompanhando os jovens por percursos de santidade que, sendo pessoais, «exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada a todos com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas mais recentes oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31).

Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja «boa terra» a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto. Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há-de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz. E a colheita será grande, proporcional à graça que tivermos sabido, com docilidade, acolher em nós. Com estes votos e pedindo-vos que rezeis por mim, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 15 de Janeiro de 2014

FRANCISCO


Fonte: Canção Nova Notícias - Papa Francisco
Canção Nova