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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Enquanto isso, em São Paulo...


Igreja se prepara para celebrar São Paulo Apóstolo




       Na próxima sexta-feira, 25, a Igreja celebra a Festa litúrgica do Apóstolo São Paulo. Para recordar a data, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, publicou um artigo sobre o testemunho de fé deste apóstolo, que continua inspirando os cristãos destes tempos a renovar o ânimo e o impulso missionário. 
       Como forma de comemoração de seu patrono, a Arquidiocese de São Paulo prepara um tríduo para os dias 22, 23 e 24, com a temática do Ano da Fé. No dia 25, acontecerá uma Missa Solene, às 9h, na Catedral da Sé, e por ocasião do feriado de aniversário da capital paulista, serão celebradas Missas em todas as paróquias. 
       Na solenidade, os fiéis poderão ganhar a indulgência plenária prevista para o Ano da Fé, informou o cardeal em nota publicada no site da arquidiocese. 



São Paulo, homem de fé 

       No dia 25 de janeiro, a Arquidiocese de São Paulo comemora a festa de seu Patrono, o Apóstolo São Paulo. No Ano da Fé, convém voltar para São Paulo um olhar especial, para perceber nele o homem de fé e a testemunha firme e qualificada de Cristo.
       A sua fé, enquanto fariseu zeloso, talvez era a do estudioso das Escrituras, do intelectual, que procurava entender a letra dos testemunhos dos antepassados; era um encarregado intransigente de zelar pela prática intransigente e sem desvios de tudo o que se prescrevia na religião. Ele mesmo escreve que era zeloso mais que ninguém (cf Fl 3,6). Mas com o zelo dessa religiosidade formal, ele perseguiu os cristãos, que considerava desviados da fé (cf At 9,1-2). Mas, qual fé?!
       Às portas de Damasco, ele teve o encontro inesperado com Cristo, em pessoa, que lhe fala: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Suas convicções são sacudidas por aquela voz. Sua fé estava baseada na letra; agora, a letra tem voz e se revela como pessoa! “Quem és tu, Senhor?” (At 9,5). A fé muda de base: das doutrinas e preceitos, passa a se confrontar com aquele que lhe fala e sobre quem versam doutrinas e letras.
       Saulo tem a experiência marcante de sua fé cristã: o encontro pessoal com aquele mesmo que estava perseguindo e queria combater. Compreende e se entrega: “que devo fazer, Senhor?” (cf At 22,10). Está disposto a aprender tudo de novo; e será o que vai fazer, na escola de Gamaliel e no seu retiro de três anos “na Arábia”, como ele mesmo informa (cf Gl 1,17). Saulo já é “Paulo”, que significa “pequeno”, humilde.
       E a imensa energia de seu caráter será posta, agora, inteiramente a serviço de Cristo, que teve misericórdia dele e o alcançou... A experiência do perdão, da misericórdia alcançada e da escolha que Cristo fez dele para ser apóstolo e missionário do Evangelho entre os povos não saem mais de sua cabeça e fazem seu coração transbordar: “Ele me amou e por mim se entregou!” (cf Cl 2,20).
       Uma vez encontrado e reconhecido Jesus Cristo, Paulo aposta sua vida inteiramente nele: “para mim, o viver é Cristo”. Não lhe interessam mais as glórias deste mundo, nem mede esforços e fadigas para anunciar o nome de Cristo entre os povos, tentando atraí-los para Cristo, para terem, como ele teve, a experiência do encontro e do perdão. A fé, para ele, não será mais algo abstrato, mas referida à pessoa de Jesus Cristo, que lhe abriu todos os tesouros da compreensão e da graça.
       A fé, para Paulo, é adesão viva e firme à pessoa de Jesus e, por meio dele, à pessoa de Deus. Essa adesão é perseverante, mesmo no meio das maiores dificuldades e provações, que deve enfrentar por causa de Cristo. Finalmente, essa fé mantém-se firme também nas prisões, torturas e no martírio.
       Para Paulo, a fé é um novo modo de compreender o mundo, a vida, a conduta humana. A fé torna sábio “em Cristo”, leva a um “estar com Cristo”, a “viver de Cristo”, a esperar com firme confiança e a obedecer a Deus, por meio de Cristo. A fé significa, para Paulo, uma participação na vida, na morte e na ressurreição com Cristo. A fé é dom recebido e acolhido com gratidão e correspondido com coerência e conversão constante.
       Como apóstolo e missionário, ele “gera filhos na fé” e os educa no Evangelho; suas cartas testemunham de maneira abundante esse zelo paternal em relação às diversas comunidades que tiveram origem com sua pregação e ação missionária. As recomendações a Timóteo e a Filémon mostram as qualidades de seu coração de pai e educador na fé. Aproximando-se do martírio, ele pode dizer com serenidade: “completei a minha corrida, guardei a fé!” (2Tm 4,7).
       Olhando para esse Apóstolo, sentimo-nos encorajados a imitar seu exemplo de homem de fé, de testemunha de Cristo. Muitos outros, em tempos difíceis ao longo da história do Cristianismo, inspiraram-se nele e ajudaram a Igreja a recobrar ânimo e nova vitalidade missionária. Tempos de “nova evangelização”, como os que vivemos, requerem a mesma atitude... Olhemos para o exemplo de São Paulo e peçamos sua intercessão.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
@DomOdiloScherer




Fonte: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=288393

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