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segunda-feira, 27 de maio de 2013

JMJ Rio2013: lembranças de Paris 1997

Paris 1997: 16 anos depois, o que dizer?






       De 19 a 24 de agosto de 1997 foi realizada, em Paris, a 12ª Jornada Mundial da Juventude. Pela primeira vez, a JMJ foi precedida por uma semana em que diversas dioceses da França puderam viver um tempo de partilha entre delegações estrangeiras e jovens franceses. Essas semanas nas dioceses continuaram nas edições seguintes da jornada e, em 2013, transformaram-se em Semana Missionária. Também pela primeira vez, à época do encontro em Paris, diferentes atrações culturais, musicais, festivas, espirituais fizeram parte da programação do que atualmente entendemos como o Festival da Juventude. Que visão podemos ter hoje deste evento que é a Jornada Mundial da Juventude?
       Sem dúvidas, é preciso pensar o impacto que a JMJ de 97 teve na imprensa francesa. No auge de um verão que se intensificou no dia seguinte à missa celebrada pelo papa João Paulo II em Longchamp pela morte da princesa Diana naquela mesma cidade, os veículos de comunicação retransmitiram, forte e frequentemente, as diferentes ativitades e celebrações: dos 300 mil jovens presentes na missa de abertura, realizada no Champ de Mars, aos milhões reunidos no estádio de Longchamp no domingo, a mídia pôde capturar uma imagem de paz e alegria de uma juventude que tem fé em qualquer momento. Ainda que, à época, as pessoas já falassem de periferias agitadas e da dificuldade, para os jovens, de se integrarem na sociedade, era visível que não se poderia mais falar de forma generalizada da juventude, mas que era preciso notar e apresentar a diversidade existente entre os jovens. Era a imagem de uma geração que foi modificada pelas Jornadas Mundiais da Juventude.
       As catequeses foram um forte elemento dessa 12ª edição da JMJ. Preparadas por jovens profissionais no que diz respeito às catequeses em francês, elas haviam sido idealizadas como um tempo de ensinamento e, também, de diálogo entre os bispos e os participantes. Sem dúvidas, a iniciativa permitiu um contato mais direto entre os bispos e os jovens, e, igualmente, a possibilidade de dar a essa geração a oportunidade de ousar na descoberta da sua fé. Não se tratava simplesmente de ter uma aula, uma palestra, mas de participar de maneira ativa através da reflexão pessoal. Depois, inúmeras iniciativas dessa ordem encontraram seu espaço nos diversos encontros que se seguiram.
       A JMJ é feita pelos jovens e também com eles. Fossem os voluntários presentes meses antes do início do evento ou os 8 mil engajados durante a semana em Paris, os jovens mostraram que eles eram capazes de investir em uma causa. O primeiro engajamento foi de convidar os demais jovens do cotidiano deles. Como em muitas edições desse encontro visto como uma peregrinação, diversos círculos de jovens estavam presentes: aqueles confiantes de que não perderiam por nada no mundo esse convite do papa; aqueles que vieram para o ambiente festivo que lhes foi prometido; e aqueles que ficaram curiosos e foram envolvidos pelos próprios jovens na tentativa de descobrir o que lhes fazia viver. O evento é por si só missionário. Essa dinâmica motivou nos jovens a percepção de que eles não são apenas consumidores, mas atores do seio da sociedade. Os jovens que hoje se manifestam de maneira pacífica contra as leis sociais votadas pelo governo atual são, de certa maneira, pequenos irmãos dos que se engajam na JMJ, mostrando que a fé os faz viver e que eles tinham vontade de compartilhá-la.
       Enfim, a Jornada Mundial da Juventude não poderia ter sido realizada no nosso país se não fosse preparada localmente nas dioceses pelos diferentes atores das pastorais da juventude. Em algumas dioceses já havia uma coordenação de pastoral, mas a preparação da JMJ dinamizou essa coordenação, permitindo aos diferentes movimentos e serviços da Igreja trabalhar juntamente com as paróquias e dioceses e em comunhão uns com os outros. Iniciativas como essas continuam e não cessam de crescer ainda hoje.
       Para muitos, a JMJ de Paris foi um momento determinante em suas vidas de jovens e cristãos. A personalidade do papa que os convidou a ir e ver onde habitava o Mestre não foi por nada, mas o que foi semeado nessa ocasião ainda hoje rende frutos.


Padre Olivier Ribadeau Dumas
Secretário-geral adjunto da Conferência Episcopal Francesa
Representante de 1995 a 1997 da Arquidiocese de Paris e dos Bispos de Ile-de-France para a preparação da JMJ


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