Jovem: qual é seu projeto de vida?
por Raymundo de Lima
“Atualmente, poucos jovens brasileiros participam de uma organização juvenil”, observa Frei Jacir de Freitas Faria. A culpa não é só deles, mas sim dos setores da sociedade organizada que ainda não sabem como atraí-los. A própria Igreja tem dificuldade de atrair os jovens.
O tema de 2013, Fraternidade e Juventude e a Jornada Mundial da Juventude, pretende repensar estratégias e táticas de sensibilizar tanto os jovens como a própria Igreja, “chamada à conversão”, escreve padre Sandro Ferreira (RMM, jan/2013, p.17). Mesmo entre os estudantes universitários também existe dificuldade para mobilizar jovens por algumas lutas.
União Nacional dos Estudantes, que muito contribuiu para a derrubada da ditadura militar, hoje não sabe como atrair os jovens para contribuir para aprimorar a democracia. Gostaria de ver os grêmios estudantis mobilizados contra a corrupção, educando os colegas contra atos de vandalismo aos bens públicos (livros, aparelhos, banheiros, carteiras) e pichações bobas nas instituições.
Na década de 1970, nossa geração se queixava da falta de conversas com os pais, cujo pai era autoritário e repressor. Hoje, próximo da velhice, reclamamos da resistência dos jovens para conversar, e sua falta de boa vontade para nos ajudar no dia a dia doméstico. “Fui de uma escola que só os professores tinham razão. Hoje sou professor onde só os alunos têm razão”, observa o professor da Unicamp, Leandro Karnal (palestra/You Tube).
Ou seja, desde Sócrates, o relacionamento entre pais e filhos nunca foi fácil. A diferença é que vivemos numa época marcada com tantos perigos e riscos, sobretudo para os jovens. E o mau relacionamento entre pais filhos aumenta a probabilidade de incerteza no projeto de vida futuro.
A juventude é uma importante etapa da vida porque representa transição da criança para o mundo adulto. Mas ela se transformou em um estilo de viver que adia vir a ser adulto. O fascínio pelo estilo dos jovens, sua beleza e brilho, parece produzir pais omissos, negligentes e acovardados para impor sua autoridade e regras justas de relacionamento aos filhos. Esta atitude dos pais pode lhes ser perigosa para eles mesmos: desrespeito e outros retornos piores.
É dever dos adultos mostrar aos mais jovens como o mundo é. Devemos sinalizar aos jovens os riscos do mundo e como se preparar para enfrentá-los. Em vez de esperar que novas leis possam coibir os excessos da juventude, os adultos devem ser exemplos de vida digna e sabedoria aos jovens. Isso vale para todas as épocas e culturas.
Diálogo mais atos
• Além do diálogo os pais precisam introduzir certos atos do tipo: “você deve arrumar sua cama assim que acordar”, “combinamos você chegar em casa às 23 horas”. Os pais estão se acovardando inserir atos na rotina dos filhos.
• Conversa sobre sexo deve ser tratado com naturalidade toda vez que a criança ou adolescente mostrar interesse, curiosidade. Marcar horário para falar sobre o assunto não funciona.
• Os pais não devem forçar aos filhos a trocar confidências. Sexo é assunto particular e cabe ao jovem decidir o que quer contar. Mas cabe aos pais estar preparados para abrir o diálogo sobre estes assuntos.
• Os especialistas afirmam que conversas sobre sexo e drogas não incentivam o filho nesta direção. Conversas sugerem prevenção, ajudam a deixar o jovem mais seguro na hora de fazer suas escolhas. Melhor estar consciente dos riscos do que ‘inconsciente’ ou bobo nestas situações.
• Mais do que impor limites, os pais devem ser referência para os filhos. Não adianta cobrar deles o que os pais desrespeitam.
Raymundo de Lima
Psicólogo e Doutor em Educação
Fonte: Arquidiocese de Maringá-PR
Nenhum comentário:
Postar um comentário